Dados do Censo Escolar de 2022, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) em conjunto com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apontam recuperação no número de matrículas em creches e de alunos em tempo integral, ambos em comparação com o ano anterior.
Os registros de matrículas que apresentaram queda no período de 2020 a 2021, durante a pandemia do coronavírus, mas voltaram a crescer em 2022. Em especial, as creches haviam registrado queda de matrículas já em 2019.
“Os dados estão revelando que a pandemia é como se fosse uma onda passando e afetando esses indicadores, matrícula, e agora a gente está voltando em situações pré-pandemia”, afirmou o diretor de estatísticas educacionais do Inep, Carlos Moreno, durante a coletiva de imprensa na última quarta-feira (8), para divulgação dos dados do censo.
De acordo com o Censo Escolar 2022, o país possui 74,4 mil creches em funcionamento. Dentro disso, 66,4% das matrículas são da rede pública e 33,6%, da privada, sendo que 50,7% dessas creches privadas possuem convênio com o poder público.
Em 2022, comparado ao ano anterior, o número de matrículas na educação infantil apresentou aumento 8,9% na rede pública e 29,9% na privada. No total, foram registradas 9.028.764 matrículas, ultrapassando o número observado no período pré-pandemia em ambas as redes.
A pesquisa aponta que as matrículas na pré-escola também aumentaram, com mais 5 milhões de novos registros. Desses, 78,8% são na rede pública e 21,2%, na privada, sendo que 166,7 mil alunos frequentam escolas conveniadas com o poder público.
Na faixa etária adequada à creche, até 3 anos de idade, o atendimento escolar foi de 36%, algo próximo ao percentual observado em 2019, quando o atendimento era de 35,6%.
O Plano Nacional de Educação (PNE) propõe que a assistência chegue a 50% dessa população. “Há, portanto, um desafio a ser vencido para atingir a meta do PNE, cujo horizonte se encerra agora em 2024”, aponta Carlos Moreno. Para isso, é necessária uma ampliação dos atuais 3,5 milhões de matrículas para algo em torno de 5 milhões.
Tempo integral
Quando o assunto é tempo integral na educação infantil, entre 2021 e 2022, o censo revela também um aumento de matrícula nas creches públicas, de 56,2% para 56,8%. As particulares conveniadas mantiveram a taxa (92,8%), enquanto as privadas sem convênio com o poder público apresentaram queda de 28,5% para 21,1%.
No total, o percentual de matrículas em tempo integral na creche foi de 57%, apresentando uma redução de 2,2% em relação ao ano anterior. Já na pré-escola, o percentual cresceu de 11,3%, para 12,8%.
A estudante Danielly Botosso, 24, explica que matriculou o filho Elliot em uma creche em 2022. Na primeira vez, a criança estudou em uma creche privada em tempo integral, mas hoje, aos três anos, frequenta o maternal II em uma pública, também nessa modalidade.
Danielly diz que tinha a necessidade de voltar para o mercado de trabalho e para os estudos, por isso, junto ao marido, optou por matricular o filho na creche. “Mas para além disso, como ele nasceu em 2020, ele tinha alguns aspectos de não falar muito, não socializar tanto. Então esse foi um ponto primordial para ele permanecer na creche”, afirma.
No ensino fundamental, a proporção de alunos que estudam em tempo integral cresceu em 2022. O ensino médio dessa modalidade manteve a tendência de alta e atingiu um crescimento de 9,9% na rede pública, nos últimos cinco anos.
Censo Escolar
O Censo Escolar da Educação Básica é uma pesquisa estatística realizada anualmente pelo Inep em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação. O estudo é dividido em duas etapas e obrigatórias aos estabelecimentos públicos e privados de educação básica.
Os dados levantados são sobre escolas, professores, gestores, turmas e alunos de todas as etapas e modalidades de ensino da educação básica. Em cima disso são realizadas a formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas, além da definição de programas e critérios para a atuação do MEC em conjunto com as escolas, estados e municípios.
Fonte: Brasil61