O comércio varejista estará de olho na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Monetária, o Copom. Isso porque o Copom vai se reunir entre terça-feira (21) e quarta-feira (22) para definir se mantém, aumenta ou diminui a taxa básica de juros da economia, a Selic.
A queda da Selic é vista por representantes do varejo como uma das condições para que o setor volte a crescer nos patamar observados entre 2001 e 2013, conforme mostrou o Brasil 61.
O patamar dos juros, hoje em 13,75%, divide os especialistas. De um lado, há aqueles que argumentam ser preciso esperar por uma regra clara do governo sobre o compromisso com as contas públicas e o arrefecimento da inflação antes que o Banco Central dê início à queda da Selic. Do outro, estão aqueles que temem que a política monetária prejudique o crescimento econômico e, por isso, defendem que os juros comecem a cair o quanto antes.
Mas não é só o governo ou economistas que olham com atenção a próxima reunião do Copom. O setor produtivo, sejam os serviços, a indústria ou a agropecuária, também acompanham os juros de perto. A Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), por exemplo, publicou um estudo em que avalia que uma redução imediata dos juros não está no horizonte do mercado, mas que é importante entender como o Comitê vai comunicar sua decisão por meio de ata para entender quais serão os próximos passos da política monetária.
Merula Gomes, especialista em finanças da CNDL, analisa o cenário dos juros. “Apesar de o mercado e os analistas realmente acharem que a taxa de juros está alta, a previsão do Focus, e do mercado, é que não tenha queda, pelo menos nessa próxima reunião. Nos últimos tempos, o Bacen tem mantido as expectativas de mercado, até por uma questão de alinhamento. Fica um ambiente menos inseguro e as pessoas conseguem lidar melhor com aquilo que está posto”.
Crédito
O interesse do comércio varejista pelos juros se dá porque o acesso ao crédito fica mais difícil e caro em tempos de arrocho monetário. De acordo com a CNDL, a taxa média de juros do cheque especial empresarial chegou aos 322% ao ano, em março. Já a taxa do rotativo do cartão de crédito das empresas foi de 296%.
Segundo Merula Gomes, são, principalmente, os pequenos negócios que costumam sentir mais os juros elevados. Ela explica que a redução dos juros deve considerar a estabilidade das contas públicas e que não pode ser na “caneta”. Mas ressalta que o patamar dos juros traz impactos sobre o varejo.
“Com essa dificuldade acaba que o empresário fica com receio de fazer novos investimentos, principalmente de contratar, que é um movimento caro. Então, ele evita fazer novos investimentos, porque muitas vezes ele vai precisar se financiar e, nesse movimento, uma taxa de juros alta deixa projetos mais inviáveis também, até porque quando a gente vai calcular a viabilidade de projeto, uma das taxas básicas que a gente utiliza é a taxa de juros”.
Embora a obtenção de crédito possa continuar de difícil acesso e cara, a oferta deve aumentar em 2023. De acordo com a Febraban, o setor bancário projeta um crescimento da carteira de crédito próximo a 8% este ano.
Fonte: Brasil61