O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anuncia na noite desta quarta-feira (22) se altera ou não a taxa básica de juros (Selic) do país. O anúncio ocorre em um cenário de tensão, em que o presidente Lula (PT) e aliados fazem cobranças ao órgão para que diminua o valor da taxa. Segundo a projeção de economistas do mercado financeiro, o Copom deve manter a taxa básica de juros da economia estável em 13,75% ao ano.
Segundo a edição mais recente do Boletim Focus, a previsão da taxa de juros deve permanecer no mesmo patamar pela quinta semana seguida. O mercado projeta ainda que o Banco Central sinalize corte na Selic só a partir do 2º trimestre, onde a taxa deve cair em 12,75% para 2023, enquanto a de 2024 continuou em 10,0%.
Decisão do Copom é aguardada com expectativas pelo setor produtivo. Segundo a especialista em finanças da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), Merula Gomes, apesar do setor preferir que os juros estejam mais baixos, a questão deve ser decidida de forma técnica.
“O setor produtivo melhora quando os juros estão mais baixos, então a gente aguarda com bastante expectativa essa queda de juros, que realmente não deve acontecer agora. A gente entende que os juros mais baixos favorecem o setor produtivo, mas essa é uma questão técnica e que deve ser analisada de forma técnica e não política. Porque qualquer outra pressão que tenha que não seja, os cálculos, e as questões que estão acontecendo podem causar um efeito até negativo na taxa de juros”, aponta.
Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação. Com os juros elevados, o crédito fica mais caro e o consumo cai, o que impede que a indústria e o comércio aumentem os preços. Essa é a justificativa que o BC defende, para manter a inflação sob controle.
Depois de quedas nos últimos meses de 2022, as expectativas de inflação têm subido. Embora tenha apresentado uma variação negativa no último boletim Focus, a estimativa de inflação para 2023 está em 5,95%. Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Para a analista financeira, um dos caminhos para facilitar a redução dos juros é a apresentação do arcabouço fiscal.
“Esse caminho para redução de juros passa por reformas, a reforma tributária, reformas administrativas, reformas fiscais e por ter um arcabouço fiscal que o mercado possa confiar. Assim a gente vai passar por uma queda de juros mais aceitável com uma segurança maior. A gente tem os juros nos Estados Unidos subindo, o banco central de lá fazendo novos ajustes, para cima da taxa de juros. E por isso pressiona também o Brasil”, explica.
Cenário no EUA
Nesta quarta-feira (22) também acontece a reunião do comitê do Federal Reserve (Fed), responsável por decidir a taxa de juros nos Estados Unidos. A decisão será a primeira após a falência do Silicon Valley Bank (SVB) que deu início a um período de instabilidade no setor bancário americano. Nos Estados Unidos, a grande questão é como a crise bancária vai influenciar a decisão do Banco Central norte americano.
Fonte: Brasil61