Mesmo quem vê com um pouco de aversão Deltan Dallagnol, como esse que escreve [mas dentro do conceito político, já que a aversão que sinto por seus colegas de parlamento é dentro do conceito criminal], não consegue não se indignar com a cassação do mesmo ontem. O que ficou parecendo é que os ministros do TSE consultaram ‘precogs’, cartomantes ou algo do tipo para justificar a cassação do mandato.
Só para explicar: “Minority Report” é um filme de ficção científica dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Tom Cruise. Ambientado em 2054, retrata uma divisão da polícia que usa precogs para prever crimes antes que eles aconteçam. Ou seja, alguns humanos que ficam presos a um equipamento conseguem visualizar imagens vagas de crimes que vão ocorrer, e assim a polícia impede. Quando o personagem de Cruise é acusado de um assassinato futuro, ele se torna um fugitivo e começa a questionar a validade do sistema que antes ele participava.
O filme aborda questões éticas, como livre-arbítrio e privacidade, já que alguém não pode ser condenado por algo que não aconteceu. Vou dar espoiler sim: ele acaba tendo de fugir porque é previsto que ele cometeria um crime, mas as imagens não mostravam a realidade que iria acontecer. Claro, ele conseguiu descobrir o que aquelas imagens previam e acaba se safando, diferente dos outros que ele prendeu antes que algo fosse feito.
É mais ou menos isso que aconteceu no caso de Dallagnol, ele não poderia se candidatar se tivesse com PAD’s abertos (Procedimento Administrativos Disciplinares), mas os que haviam já haviam sido encerrados. Mas o argumento daqueles que votaram pela sua cassação no TSE decidiram que ‘possivelmente’ [aí que entra a previsão de futuro] ele poderia ter outros depois.
Precisa explicar mais?