O estado do Amapá vai ganhar, em breve, dois polos do Programa Rotas de Integração Nacional. Um, no Arquipélago do Bailique, voltado ao açaí, e outro na região do Oiapoque, com foco na produção pesqueira. O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) está trabalhando para que os polos sejam implantados o quanto antes. Representantes da Pasta já realizaram missões ao estado, com foco em entender melhor as necessidades dos produtores e traçar estratégias para a realização do trabalho.
Dentre as atividades realizadas estiveram visitas técnicas a comunidades de produtores e oficinas de planejamento estratégico com representantes dos setores produtivos, órgãos estaduais e federais e entidades ambientais. O MIDR também elaborou uma carteira de projetos voltados a atrair recursos para os polos.
As Rotas de Integração Nacional buscam estimular o empreendedorismo, o cooperativismo e a inclusão produtiva. O objetivo é fortalecer sistemas produtivos já existentes ou potenciais, possibilitando que os produtores trabalhem em conjunto, ganhem escala e possam comercializar com outras localidades, estados e até países. A iniciativa também busca propiciar a inovação, a diferenciação, a competitividade e a sustentabilidade dos empreendimentos associados, contribuindo, assim, para a inclusão produtiva, inovação e o desenvolvimento regional.
Segundo a secretária nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial do MIDR, Adriana Melo, as oficinas promovidas pela Pasta tiveram o objetivo de definir os comitês gestores dos polos que serão implantados nas Rotas do Açaí e do Pescado, além do planejamento estratégico dos polos. Ela destaca que o trabalho também conta com a participação de outros parceiros, como o Sebrae estadual, o Ministério da Agricultura e Pecuária e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
No município de Oiapoque, foi realizada oficina sobre a Rota do Pescado, que debateu os principais desafios para o setor pesqueiro local, entre eles a estrutura para escoamento da produção e o acesso a linhas de crédito. Além disso, o MIDR elaborou uma carteira de projetos que poderão viabilizar investimentos, captar recursos e otimizar o setor pesqueiro do Amapá.
“Criar uma carteira de projetos é a forma de viabilizarmos o investimento e o planejamento das intervenções na parte de produção, na pesca, na captura, no processamento da filetagem do pescado e na implementação de novas tecnologias que podem ajudar o setor pesqueiro do estado”, pontuou o coordenador geral de Gestão do Território do MIDR, Vitarque Coelho.
Cortado por rios como o Araguari, o Oiapoque e o Jari, o Amapá tem grande potencial de arrecadação no setor pesqueiro. As equipes do MIDR e da Codevasf, em parceria com representantes do estado amapaense, realizaram visitas técnicas em fábricas de gelo e de processamento de peixe e em infraestruturas de beneficiamento para comercialização certificada. Um dos objetivos com o polo é ampliar o mercado para outras localidades da Região Norte do País.
“É importante ressaltar que estruturar uma cadeia produtiva envolve diversas frentes de atuação. Seja na produção de insumos, no beneficiamento da produção ou na comercialização, diversos parceiros institucionais, tanto públicos como privados, se integram a esse propósito que é definido em torno dos Polos”, afirmou a secretária Adriana Melo.
Francisco Dias Cavalheiro, de 56 anos, trabalha com processamento de peixe há quase 20 anos. O produtor é dono de uma das empresas visitadas e acredita que a Rota do Pescado pode ser fundamental para o crescimento do setor na região. “Hoje, quem trabalha com a pesca, necessita de mais estrutura e incentivo para continuar desempenhando a atividade, por isso, é importante essa iniciativa do poder público para detectar essas carências e desenvolver políticas públicas que possam resolver cada problema”, destacou Francisco Dias.
Coordenadora de Gestão de Território da Secretaria Nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial do MIDR, Simone Noronha destaca a importância das visitas técnicas no Programa Rotas de Integração Nacional. “As Rotas são uma estratégia da Política Nacional de Desenvolvimento Regional, sob o comando do MIDR, que tem uma metodologia muito consciente. Por ter esse trabalho participativo com os entes locais, conseguimos fazer uma política pública com qualidade, ouvindo as pessoas”, observa.
Açaí
O MIDR, em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural (SDR) do Governo do Amapá, também realizou missão técnica para levantar subsídios e debater a criação de um polo da Rota do Açaí no Arquipélago do Bailique, que reúne oito ilhas localizadas no delta do Rio Amazonas, a 160 quilômetros da cidade de Macapá.
Os principais objetivos da missão foram identificar as áreas de produção de açaí e as infraestruturas de beneficiamento do fruto para comercialização certificada, conhecer o sistema de produção e as condições de trabalho dos produtores, além de volume e qualidade de produção e das estratégias de mercado que vêm sendo adotada pelas associações e cooperativas para comercialização das marcas coletivas e da imagem que o açaí produzido projeta nesse território.
A equipe visitou 145 produtores das comunidades de Jangada e Arraiol, para entender melhor a situação dos trabalhadores e traçar estratégias que visam aumentar a produtividade do fruto no arquipélago ilhas, além de ampliar o mercado para outras localidades da Região Norte do País. Também foi realizada oficina de planejamento estratégico.
“Com apoio do Governo do Estado, estivemos no Bailique para conhecer as necessidades do território. Além disso, tivemos contato com a potência da organização em coletividade do cooperativismo local. O povo amapaense tem muita força de trabalho em conjunto, ainda não tínhamos visto isso em outros territórios”, explicou a coordenadora Simone Noronha.
Uma das cooperativas que poderão ser beneficiadas com o Polo do açaí na região é a Amazonbai, que atua há dez anos no estado. “É o momento de unir forças discutir e planejar a cadeia produtiva do açaí, desde a área de produção até a agroindústria. Buscar inovação, tecnologia, junto com as startups, para que, de fato, a gente transforme essa discussão em políticas públicas de desenvolvimento não só do Arquipélago do Bailique, mas de todo estuário da cadeia produtiva do açaí”, destacou o presidente da Amazonbai, Amiraldo Picanço.
A partir dos estudos realizados, a expectativa imediata é fomentar a iniciativa da cooperativa, que busca a ampliação do número de cooperados para 500 produtores associados. “Estamos trabalhando com esse horizonte de ampliação do número de beneficiários diretos, por meio da cooperativa, e indiretos por meio de ações transversais de fomento a inovação, novos equipamentos e serviços, cooperação com outros polos e entidades. Eventualmente, podemos ter um benefício direto para mais de 3 mil produtores de açaí no Amapá”, avaliou o coordenador-geral Vitarque Lucas Coelho.
“O açaí tem grande potencial de inclusão produtiva, envolve comunidades de diferentes perfis, sejam agricultores familiares quilombolas, ribeirinhos. É uma cultura bastante disseminada no território amazônico, além de ser altamente sustentável por contribuir com a recuperação de áreas degradadas, mas ainda se apresenta com alto nível de informalidade na produção e pouca agregação de valor”, afirma a secretária. “Um dos objetivos do Polo é mudar essa realidade”, comenta.
Sobre as Rotas de Integração Nacional
Atualmente, o MIDR reconhece, em todo o País, 6 polos da Rota do Açaí; 6 da Rota da Biodiversidade; 2 da Rota do Cacau; 15 da Rota do Cordeiro; 2 da Rota da Economia Circular; 5 da Rota da Fruticultura; 6 da Rota do Leite; 9 da Rota do Mel; 4 da Rota da Moda; 7 da Rota do Pescado; e 4 da Rota da Tecnologia, Informação e Comunicação (TIC).
*Com informações do Governo do Estado do Amapá
Fonte: Brasil61