Nos últimos 2 anos, o agronegócio passou por um aumento de custos com a crise de insumos decorrente do período da pandemia associada às questões climáticas e aos problemas causados pela guerra na Ucrânia, afirma Carlos Nábil Ghobril, coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Segundo o coordenador, as estimativas indicam que em 2023 deve haver uma reversão dessas tendências. O setor do agronegócio conta com um cenário favorável no comércio internacional, especialmente com a China e a União Europeia, que fortalece com a questão ambiental e a conservação dos recursos naturais.
“Os dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA) apontam que nos primeiros 5 meses de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado, as exportações apresentaram crescimento de mais de 7% — o que resulta em saldo da balança comercial do agronegócio paulista positivo em 8 bilhões de dólares nesses 5 primeiros meses”, explica.
Nábil apresenta que esse resultado é relevante, pois indica superação do resultado de 2022, que tinha mostrado um crescimento de 40% em relação a 2021.“Os números do comércio exterior do agro paulista têm batido recordes sucessivos. Aliado a esse otimismo, o governo anunciou na semana passada o Plano Safra 2023/2024 — de mais de 364 bilhões de reais. Investimento público fundamental para o desenvolvimento do setor”.
O coordenador expressa que apesar das expectativas positivas, existem algumas preocupações no setor, como por exemplo, a questão climática, que pode ser decisiva com a influência do fenômeno La Niña, que provoca períodos estiagem e um verão mais quente. Além dos desafios climáticos, as margens de lucro também são uma preocupação, visto que os altos custos de produção podem reduzi-las.
“No cenário internacional, as incertezas causadas pela guerra da Rússia na Ucrânia, trazem dúvidas sobre a disponibilidade global de grãos e insumos. No Brasil, a preocupação recai sobre a implementação da política fiscal, principalmente nas questões tributárias, além da expectativa sobre os elevados patamares da taxa Selic, que elevam os custos para o crédito”, comenta.
O coordenador avalia que as agências ainda divergem nas projeções para os próximos meses, mas todas indicam crescimento do agronegócio brasileiro. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) indica um crescimento de 2,5%, enquanto que o Instituto Brasileiro de Economia da FGV estima 8% e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) projeta um aumento de quase 11%.
Nábil pontua que, com a elevação das projeções de crescimento da economia brasileira, a queda na inflação e ainda a perspectiva da queda de juros, há uma perspectiva favorável para o agronegócio paulista. A representatividade do setor no Produto Interno Bruto (PIB) do estado tem variado nos últimos anos, de 12% a 15%. Em relação às exportações, o agronegócio representa cerca de 37% de tudo o que é exportado pelo estado de São Paulo.
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Fonte: Brasil61