A cidade de São Luís tem motivos para comemorar: aos 411 anos, a capital maranhense foi agraciada com o título de capital nacional do reggae, concedida por lei. Mas o caminho que o ritmo e seus admiradores, a chamada massa regueira, percorreu ao longo dos mais de 40 anos em que aportou na Jamaica brasileira, um dos epítetos de São Luís, foi marcado por preconceito, discriminação e até racismo. Da estigmatização, a aceitação e reconhecimento, é um pouco dessa trajetória que a Agência Brasil vem contar.
Não se sabe ao certo como o reggae chegou ao Maranhão, mas o fato é que o ritmo jamaicano já está presente, desde meados de 1970, nas festas da cultura popular, em bailes, com pequenas aparelhagens, as radiolas, nas periferias. Algumas versões apontam que os maranhenses começaram a curtir o rimo ao sintonizar rádios caribenhas de ondas curtas.
Origem
Pesquisadora sobre o gênero, a especialista em Jornalismo Cultural e mestra em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Karla Freire, conta à Agência Brasil que a hipótese mais provável é que o reggae tenha aportado no Maranhão trazido por marinheiros vindos da Guiana e de ilhas do Caribe.
“O que é comprovado é que, sim, alguns ritmos caribenhos eram escutados aqui através das ondas curtas, mas ninguém consegue dizer que o reggae chegou aqui através das ondas curtas do rádio. Então a hipótese mais provável da chegada do reggae aqui no Maranhão é mesmo através dos vinis que vieram pelo mar em navios aí que vinham da Guiana e que vinham de outras ilhas do Caribe. E aí chegavam aqui, aportavam nos portos do Maranhão e os marinheiros chegavam aqui, trocavam esses vinis por fazer um escambo, trocavam por alimento, enfim, por serviço”.
Autora de livro sobre o tema, Karla chama a atenção para o fato de que o ritmo não foi “imposto”, a partir de uma ação da indústria fonográfica, mas sim, caiu no gosto da população ludovicence. Ela aponta para a possibilidade de identificação pela proximidade com ritmos caribenhos, como o bolero, a salsa e o merengue, muito tocados em festas dos povoados negros e rurais do interior do estado, de onde parte da população que habita as periferias da capital São Luís é oriunda.
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