Era novembro de 1983. O mundo estava às voltas com o enfrentamento da segunda crise do petróleo, detonada em 1979, por conta da revolução iraniana, quando os aiatolás derrubaram do poder o Xá Rehza Pahlevi e implantaram a república dos Aiatolás, que se mantém até hoje. Na época, o preço do barril do “ouro negro” chegou a 39 dólares (ao dólar da época).
O Brasil, então, continuava altamente dependente das importações de petróleo para suprir as suas necessidades de energia. Para o abastecimento da frota veicular, buscou-se a alternativa do etanol, dando origem ao Pró-álcool. E para a suprir a indústria, recorreu-se ao carvão energético, criando-se o Pró-Carvão, que visava intensificar a exploração das reservas de carvão energético de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e, em muito menor escala, Paraná. Também se começou a pensar na exploração de turfa e na produção de óleo a partir do xisto, do qual o estado do Paraná tem importantes reservas.
Inicialmente, o Pro-Carvão, visava elevar a produção nacional para 27 milhões de toneladas/ano a partir de 1985, o que exigia grandes investimentos. Ao mesmo tempo, procurou-se ampliar o uso do carvão em substituição ao óleo combustível em algumas indústrias, principalmente a cimenteira. Mas o uso do carvão energético nacional pela indústria esbarrava numa dificuldade: o seu elevado teor de cinzas, que chegava a 35%. As metas de produção do Pró-Carvão, então, foram reduzidas para 17 milhões t/ano, depois para 13 milhões t/ano e, finalmente, para 9 milhões t/ano. E o boom que era esperado para a indústria nacional do carvão mineral não aconteceu.
A mineração brasileira, vivia basicamente do minério de ferro, do ouro (o Brasil chegou a ser o maior produtor do metal na América Latina) do alumínio e do carvão. O minério de ferro, cuja produção era liderada pela então CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), além de suprir as siderúrgicas nacionais, todas controladas pelo Estado, sob o guarda-chuva da Siderbrás, era também exportado, principalmente para o Japão, Europa e em menor escala para os EUA. Além da Vale, atuavam na produção a Caemi, capitaneada pelo grupo Azevedo Antunes, a alemã Ferteco, a belga Samitri (grupo Arbed), a norte-americana Samarco (grupo Utah), além de grupos menores nacionais.
A produção de ouro era concentrada na Mineração Morro Velho, do grupo Anglo American e nos garimpos espalhados pela Amazônia. Nessa década entraram outros produtores do metal, como a então Rio Paracatu Mineração (RPM), que era controlada pela Rio Tinto e que atualmente se denomina Kinross. No final da década, entrou em produção a Mineração Serra Grande, em Crixás, que era controlada pela Mineração Morro Velho, em parceria com a Inco.
No carvão havia, além da CSN, vários grupos privados locais de Santa Catarina e a estatal CRM – Cia. Riograndense de Mineração no Rio Grande do Sul, que dividia poderio com a Copelmi, de capital privado.
Esse era o contexto em que foi lançada a Brasil Mineral, que completa 40 anos em 2023. A Edição número 1 trazia sobre o Procarvão, a exploração do xisto, a superação de metas pela Petrobrás, a iniciativas da Nuclebrás para exportar urânio, um debate sobre a tecnologia nacional, o uso do computador, o projeto Titânio, da Vale, e várias outras matérias interessantes. Confira em www.brasilmineral.com.br/revista/1.
Fonte: Brasil61