A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo confirmou na última quinta-feira (1º) os primeiros casos autóctones de febre Oropouche no estado. Duas pessoas foram diagnosticadas com a doença no município de Cajati, na região do Vale do Ribeira. As pacientes, que vivem em uma área rural próxima a uma plantação de bananas e não tinham histórico recente de viagens, já estão recuperadas.
A infecção foi detectada pela Vigilância da Circulação Viral dos Arbovírus, com exames de RT-PCR e as amostras foram analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz, que descartou outras doenças como zika, chikungunya e febre amarela.
A Dra Larissa Tiberto, infectologista, explica sobre a transmissão e os sintomas da febre do Oropouche.
“A febre Oropouche é um arbovírus associado ao clima úmido, transmitido através da picada do mosquito pólvora, também conhecido como maruim em algumas regiões. Os sintomas são febre, dores musculares nas articulações, dores de cabeça, náusea, diarreia e manchas na pele.”
Segundo o Ministério da Saúde, a febre Oropouche possui dois ciclos de transmissão:
Ciclo Silvestre: Neste ciclo, animais como bichos-preguiça e macacos são os principais hospedeiros do vírus. Alguns tipos de mosquitos, como o Coquillettidia venezuelensis e o Aedes serratus, também podem atuar como vetores. No entanto, o principal transmissor é o mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.
Ciclo Urbano: Neste ciclo, os humanos são os principais hospedeiros do vírus. O maruim continua sendo o vetor principal, mas o mosquito Culex quinquefasciatus (conhecido como pernilongo ou muriçoca), comum em áreas urbanas, também pode ocasionalmente transmitir o vírus.
Número de casos por estado em 2024
Amazonas – 3224
Rondônia – 1709
Bahia – 830
Espírito Santo – 412
Acre – 265
Roraima – 236
Santa Catarina – 155
Pernambuco – 86
Minas Gerais – 83
Pará – 74
Rio de Janeiro – 62
Ceará – 39
Piauí – 27
Mato Grosso – 17
Amapá – 7
Maranhão – 3
Paraná – 3
Tocantins – 2
Mato Grosso do Sul – 1
Paraíba – 1
Total – 7236
A Dra. Karina Martins, infectologista, destaca a importância dos cuidados para prevenir e tratar a febre Oropouche.
“Como não temos um tratamento específico para essa doença, não temos vacina, não temos remédio específico para essa virose, os cuidados se baseiam em sintomáticos e as medidas de prevenção contra o mosquito. Sintomáticos são usados analgésicos, antitérmicos e, principalmente, repouso e hidratação. Muito importante manter a hidratação adequada, é o principal fator para a recuperação do paciente. Além disso, cuidado com os reservatórios desses mosquitos, para não deixar acumular água nos locais. Onde esses mosquitos possam se proliferar, eles têm a mesma característica de proliferar em épocas de chuvas e temperaturas mais altas.”
Até o momento, nenhum óbito por febre Oropouche havia sido registrado no mundo, até que o Ministério da Saúde confirmou, em 25 de julho, as mortes de duas mulheres no interior da Bahia, ocorridas entre maio e junho deste ano.
Em 2024, o Brasil já contabilizou mais de 7 mil casos de febre Oropouche, com a maioria dos casos registrados nos estados do Amazonas e Rondônia.