O Polo Petroquímico do RS, que completa 40 anos em 2022, é um marco importante na história recente do Estado não apenas por sua contribuição para o desenvolvimento regional, avanços tecnológicos e de segurança, geração de riquezas e de conhecimento, mas, também, pelo legado de compromisso com a valorização das pessoas, o crescimento sustentável e a preservação ambiental. Esse pacto por um futuro melhor para as próximas gerações se multiplica em ações no passado e no presente impulsionadas pela Braskem, que responde por 80% dos ativos do complexo industrial e é uma das três maiores contribuintes do RS.
“Fizemos parte de uma história de desenvolvimento sustentável, sempre voltado para impactos positivos na comunidade e na economia do Estado”, afirma Nelzo Silva, diretor industrial da Braskem no RS. “Temos como grande diferencial a valorização das pessoas. Toda a tecnologia adquirida é importante e necessária, mas sem pessoas, a tecnologia não funciona. Sem emoção e sem paixão não se consegue enfrentar os desafios e não se consegue encarar caminhos criativos e inovadores”, destaca.
Responsável por cerca de 4.500 empregos diretos e indiretos no RS, a companhia considera a segurança das pessoas e dos processos um valor fundamental e que ancora a produção anual de mais de 5 milhões de toneladas de resinas plásticas e produtos químicos. Epara alavancar cada vez mais o conceito de economia circular dentro da cadeia produtiva da química e do plástico tem realizado investimentos na busca de novas tecnologias e implementado ações voltadas à redução de resíduos plásticos no ambiente. Entre elas estão design inteligente de produtos, a reciclagem química, que tem como matéria-prima resinas plásticas pós-consumo, e a educação ambiental.
As metas da Braskem nesse sentido são ambiciosas. A empresa pretende ofertar no mercado 300 mil toneladas de produtos com conteúdo reciclado até 2025 e 1 milhão de toneladas desses produtos até 2030. Também até 2030, a companhia trabalhará para evitar que 1,5 milhão de toneladas de resíduos plásticos sejam enviados para incineração, aterros ou descartados no meio ambiente. Além disso, a companhia segue com o projeto de expansão da sua capacidade de produção anual de eteno verde de 200 mil toneladas para 260 mil toneladas que estará pronta no começo de 2023.
As iniciativas
A economia circular requer um olhar inovador como no caso do design de embalagens, que pode ser pensado levando em conta detalhes como seu peso. Ou, ainda, atentar que a utilização de um só tipo de material reduz o consumo de energia e pode facilitar o processo de reciclagem.
Essa é a proposta do hub de inovação inaugurado em agosto de 2022 pela Braskem, em São Paulo. Num investimento de R$ 20 milhões, o Cazoolo é o primeiro Centro de Desenvolvimento de Embalagens para Economia Circular do Brasil e foi planejado para estimular a interatividade e criatividade. O espaço tem prateleiras que simulam gôndolas de supermercado, impressoras 3D de última geração, além de equipamentos de impressão, corte laser, solda e termoformagem para a produção de protótipos em pouco tempo. O objetivo é acelerar o desenvolvimento dos projetos das marcas interessadas em parcerias com a empresa. “O objetivo é simplificar o design para estimular o descarte adequado, a separação e a coleta seletiva, favorecendo a circularidade”, afirma a diretora de economia Circular da Braskem no RS, Fabiana Quiroga.
As novas embalagens que irão surgir desse processo de cocriação no Cazoolo serão mais facilmente recicladas, por exemplo, em unidades como a que foi inaugurada pela Braskem em março, em Indaiatuba (SP). A primeira planta de reciclagem mecânica no Brasil resulta de uma parceria com a Valoren, desenvolvedora de tecnologia e gestora de resíduos para transformação em produtos reciclados. Com investimento de cerca de R$ 67 milhões, a unidade tem capacidade para transformar 250 milhões de embalagens pós-consumo feitas de polietileno e polipropileno em 14 mil toneladas de resina reciclada com alta qualidade. São resinas que passarão a ser reutilizadas como matéria-prima para a indústria de transformação.
Também voltada à reciclagem mecânica, em agosto, a Braskem assinou contrato para aquisição de ações e subscrição de novas ações de emissão da Wise Plásticos S.A., empresa deste setor localizada em Itatiba (SP). A oferta por 61,1% do capital social da Wise representa em torno de R$ 121 milhões e parte relevante será destinada à duplicação da capacidade produtiva para cerca de 50 mil toneladas de produtos reciclados até 2026.
Wenew
Nessa estratégia de transição para uma economia circular, a Braskem lançou, em outubro, o Wenew, um novo conceito que engloba quatro pilares – produtos, educação, tecnologia e design circular – para reforçar seu compromisso com um futuro mais circular. Wenew é a nova logomarca das resinas termoplásticas e produtos químicos da empresa que possuem conteúdo reciclado em sua composição enquanto Wemove identifica as iniciativas de educação sobre consumo consciente e descarte adequado e as tecnologias voltadas ao desenvolvimento da economia circular.
Ilha de Economia Circular no RS
Um estudo de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) realizado pela Braskem comprovou que as resinas recicladas pós-consumo são uma alternativa eficaz para a redução de até 48% da pegada de carbono, quando comparadas com as resinas virgens, de origem convencional. Mas a evolução de tecnologias para produção de resinas recicladas com maior qualidade e diversidade de aplicações é um dos maiores desafios nessa caminhada.
Pensando nisso, a Braskem criou a Ilha de Economia Circular no Centro de Tecnologia e Inovação da empresa, em Triunfo (RS), para desenvolver, testar e aprimorar o desempenho de produtos circulares idealizados pela empresa e para dar apoio aos projetos de clientes. A Ilha nasce de olho nas exigências do mercado de plástico e do setor de embalagens com o objetivo de acelerar a etapa de surgimento e aplicabilidade das resinas recicladas pós-consumo, agregando ganhos de qualidade, variedade e eficiência.
Futuro próximo
Embora o Polo Petroquímico do RS ainda não tenha produção em escala de resinas recicladas pós-consumo (PCR), com os avanços dos processos industriais de reciclagem isso será possível. Na Braskem, a planta de Petroquímicos Básicos já possui a certificação ISCC (certificação internacional de sustentabilidade e carbono) para o uso de matérias-primas circulares e, portanto, haverá produtos circulares utilizando a marca Wenew.
Os primeiros passos dessa caminhada já começaram a ser ensaiados a partir da criação de uma central de comercialização integrada (COMINT) que reúne 12 unidades de triagem de resíduos de Porto Alegre e conta com apoio da Braskem por meio do programa Ser , que busca promover a inserção social e econômica dos recicladores, por meio de investimentos, capacitações e consultorias. A COMINT já percebe um avanço no aumento da valorização dos materiais plásticos que comercializa para a Braskem, que é a solução para aumentar o volume de plásticos reciclados e atingir o objetivo de retirar 1,5 milhão de toneladas de resíduos plásticos do ambiente e de aterros até 2030.
Em São Paulo, também está em andamento um projeto para fornecer à Braskem volume em escala de plásticos pós-consumo provenientes de redes de cooperativas e associações de triagem de resíduos, atendendo aos requisitos de qualidade exigidos para produção de resina e as exigências de compliance. Camila Ferreira, analista de projetos da Mãos Verdes, que elabora e gerencia projetos na área de gestão de resíduos, explica que, inicialmente, três cooperativas deverão ser cadastradas e a meta é de, ao final de seis meses, estabelecer um patamar mínimo de comercialização para a Braskem de 50 toneladas/mês.
O que é a economia circular
Como o nome indica, é um padrão de crescimento circular, ao contrário do atual que é linear e baseado apenas em produção, consumo e descarte. No modelo mais eficiente de economia e que resgata os ciclos da natureza, há menor impacto ambiental e utilização de energia e recursos renováveis. Os resíduos são reciclados e viram matéria-prima para novos produtos, num ciclo perene amparado também pela força da transformação cultural.
Fonte: Brasil61