Nesta semana, foi publicado no Diário Oficial da União a autorização para o reajuste do salário mínimo, que vai passar para R$ 1.302, um aumento de R$ 90 em relação à quantia vigente até o momento. Segundo o Ministério da Economia, essa correção proporciona ao trabalhador um ganho real em torno de 1,5%. O novo valor passa a valer em 1º de janeiro de 2023.
Para Marcelo Poli, CEO e diretor jurídico da RZD Franchising – empresa especializada em atendimento e auxílio a pequenas e médias empresas -, o aumento do salário mínimo pode gerar maior desemprego nos negócios de pequeno e médio porte, além de poder estimular uma alta da inflação.
“Além disso, o reajuste do salário mínimo gera um sério risco de desemprego para os trabalhadores das pequenas empresas, que terão mais dificuldade para honrar com a folha e com os encargos a ela atrelados.”, afirma o diretor jurídico.
Em contrapartida, Marcelo Poli explica que para o trabalhador essa correção do salário mínimo não é suficiente para que as pessoas consigam viver de forma confortável e digna, mas que o aumento, mesmo que pouco, é positivo para os colaboradores.
Aperto
A recepcionista e moradora da cidade de São Paulo, Camila Dantas, concorda que o reajuste do salário mínimo não será suficiente para fechar as contas do mês. Para ela, uma quantia razoável para conseguir honrar suas contas básicas e ainda sobrar para lazer e educação seria um valor acima de R$ 4 mil.
“Eu não acredito que uma família consiga viver sem aperto com o salário nesse valor. Uma pessoa sozinha é impossível, tem que viver dividindo as contas com familiares. O salário sobe, mas sobe a água, sobe o gás, sobe a luz, o aluguel, a comida, e essa conta nunca fecha.”, afirma Camila.
Outra trabalhadora que recebe um salário mínimo e diz que as contas não fecham no final do mês é Mariana Eira. A auxiliar administrativa e moradora do Distrito Federal concorda que nenhuma família consegue viver sem apertos com essa quantia por mês.
“Para mim, eu acho que o ideal seria entre R$ 2.500 e R$ 3 mil um salário mínimo para poder se manter durante o mês para conseguir ter o mínimo de dignidade. Não só trabalhar por trabalhar, mas ter um pouco de lazer. Eu acredito que esse seria um valor justo.”, diz a auxiliar administrativa.
Possíveis desvantagens do reajuste
Segundo Marcelo Poli, um dos efeitos diretos dessa correção para os empregadores é o aumento na folha de pagamento e os encargos que vêm junto à ela. Para o diretor jurídico, as empresas terão que rever os gastos e estabelecer prioridades para conseguir se adequar ao novo valor.
“Caberá ao empresário rever a possibilidade de redução nas despesas variáveis, bem como deverá pensar em um possível reajuste no valor de seus produtos e/ou serviços. Já para os trabalhadores informais, esse aumento poderá postergar ainda mais o sonho do trabalho de carteira assinada.”, afirma Marcelo Poli.
Para o advogado especialista em direito financeiro e empresarial e sócio do escritório Carvalho