A segunda etapa da vacinação contra raiva dos herbívoros em Goiás inicia no dia 1º de novembro e segue até o dia 15 de dezembro. Segundo a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), o produtor rural terá que imunizar animais de até 12 meses das espécies bovina, bubalina, equídea, caprina e ovina. Atendendo a pedidos do setor produtivo rural, o orgão prorrogou o prazo de vacinação de 30 para 45 dias.
De acordo com o gerente de Sanidade Animal da Agrodefesa, Rafael Vieira, a vacinação é obrigatória para os 119 municípios considerados de alto risco para a doença em Goiás. Vieira ainda explica como o produtor rural deve comprovar a aplicação da vacinação contra raiva dos herbívoros.
“Para que eles façam a vacinação, precisam adquirir a vacina em revendas autorizadas pela Agrodefesa e posterior a realização da compra dessa vacina, eles precisam então exigir a nota fiscal. Posterior a realização da vacina, vão precisar fazer a declaração de que eles vacinaram, valendo para a declaração apenas a vacina que foi adquirida na revenda entre o dia primeiro de novembro e o dia 15 de dezembro. E a nota fiscal vai ser anexada de forma eletrônica no Sistema de Defesa Agropecuária (Sidago), que é o sistema de informação da Agrodefesa”, explica.
Conforme o calendário de vacinação contra raiva, além da comprovação da imunização antirrábica, os produtores dos 246 municípios do estado devem declarar a quantidade de rebanho existente até o dia 30 de dezembro, também realizada através do Sistema de Defesa Agropecuária de Goiás.
O gerente de Sanidade Animal da Agrodefesa ainda destaca as penalidades para o produtor rural que não vacinar ou declarar os seus rebanhos.
“A constatação ou a denúncia de que o produtor não realizou a vacinação ou se ele não declarar que fez a vacinação nesses 119 municípios, faz com que seja aplicada a ele uma penalidade. Essa penalidade é a multa de R$ 300 no rebanho, mais R$ 7 reais para cada animal que deveria ter sido vacinado e não foi. Então, mesmo que ele vacine, mas não declare que ele vacinou, também está caracterizando que está infringindo a legislação. Então é necessário vacinar, mas também declarar”, afirma.
Vieira ainda ressalta que o período de vacinação é uma oportunidade para que o pecuarista faça uma avaliação completa da sanidade dos seus animais.
“É uma oportunidade também que o pecuarista tem de fazer um investimento em outras vacinas, que podem ser aplicadas para controle de outras doenças. Para fazer o investimento também em vermífugos, para poder fazer o controle de parasitos. Então, é o momento que ele utiliza para cuidar da sanidade do seu rebanho de maneira geral, para além da raiva. A raiva é compulsória, mas cuidar da saúde do rebanho de maneira integral também é importante”, afirma.
Raiva em Herbívoros
Nos herbívoros, a raiva é transmitida principalmente por morcegos hematófagos, como explica o professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV), Cristiano Barros de Melo.
“A raiva em herbívoros é uma doença que se inicia com a manifestação neurológica. Então, o animal pode demonstrar uma fraqueza, uma dificuldade no andar. Ele pode eventualmente demonstrar uma convulsão. É uma doença neurológica transmitida por morcegos. Esses animais quando são mordidos por morcegos, no caso, se o morcego tiver contaminado — morcego hematófago, que se alimenta de sangue — ele vai infectar o animal. Em torno de 10 dias esse animal pode apresentar essa manifestação clínica neurológica”, explica.
De acordo com o veterinário, a doença é fatal tanto nos animais quanto nos seres humanos.
“Ela é fatal para os animais. Invariavelmente ela vai ser fatal para os humanos também. O animal, o herbívoro, não vai transmitir para outros animais e nem para as pessoas diretamente, a não ser quando acontece a manipulação daquele animal. A contaminação acidental, que é quando a pessoa vai mexer no animal, vai mexer na boca do animal achando que o animal está engasgado. Tem a contaminação também de forma profissional. Muitas vezes o profissional vai examinar o animal e não tem o devido cuidado em trabalhar com luvas e termina manipulando a boca do animal e tem algum contacto com a saliva. A saliva é a principal forma de contaminação acidental”, diz.
Melo ainda ressalta a importância da vacinação contra raiva em herbívoros. “A vacinação, ela é fundamental. Até porque a vacina é muito barata e a proteção que ela oferece é muito segura. Hoje o Brasil tem vacinas muito boas, inclusive monitoradas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. O animal vacinado, ele vai estar protegido”, afirma.
GO: produção agrícola do estado cresce 10,3% no comparativo de 2022, diz IBGE
Fonte: Brasil61